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Uma chilena; a outra, indiana; e a terceira, norte-americana, compartilham sua visão sobre o envelhecimento ativo

O que fazer depois dos 60 anos? Três mulheres inspiradoras compartilharam suas histórias no 2021 Century Summit, evento ligado ao Centro de Longevidade da Universidade de Stanford, realizado de 7 a 9 de dezembro. A chilena Ximena Abogabir, a indiana Ranjita Chakravarty e a norte-americana Mary Rawles têm caminhos totalmente distintos e todos servem de lições sobre como reescrever – e descartar – as ideias sombrias que ainda envolvem o envelhecimento.

Começo por Ximena Abogabir, cofundadora da Travesía 100, organização criada em 2018 para o reconhecimento e empoderamento dos indivíduos acima dos 60 anos. Jornalista e publicitária, ela deixou uma carreira de sucesso e abraçou o empreendedorismo social, à frente de iniciativas como “Santiago, como estamos indo?” e a fundação Casa de la Paz, voltada para ações de sustentabilidade e cidadania. Ao completar 70 anos (está com 73), quis ir além: “senti a necessidade de explorar a contradição que vivemos. De um lado, recebemos um prêmio que é a vida mais longa, para ser comemorada e vivida plenamente; do outro, a sociedade nos empurra para sair de cena”, diz. Esse é o propósito da Travesía 100: mobilizar as pessoas para que se tornem centenários ativos. A entidade criou uma rede de idosos que pretende ter atuação política relevante, inclusive na nova Constituição – os chilenos elegeram 155 parlamentares que serão responsáveis por redigir a que substituirá a atual, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). “Desde que comecei a me dedicar ao projeto, passei a me sentir cheia de energia, meu cérebro também rejuvenesceu”, sintetiza.

Desde 1998, Ranjita Chakravarty dirige o departamento de auditoria e análise de risco da Universidade de Stanford. Formada em ciências políticas e relações internacionais na Índia, poderia ser uma eficiente burocrata perto da aposentadoria, mas está a caminho de virar uma celebridade, depois de participar da segunda temporada da série “Never have I ever” (“Eu nunca…”), da Netflix. Ela interpreta a avó paterna da protagonista, Devi (Maitreyi Ramakrishnan), uma adolescente determinada a se transformar numa garota popular na escola, enquanto enfrenta o luto pela morte do pai e vive às turras com a rigidez da mãe. “Sempre fiz teatro comunitário, mas sou de uma geração que não acreditava que fosse possível pagar as contas desse jeito. Graças ao trabalho remoto em Stanford, pude conciliar as gravações com minhas atividades. Vou completar 64 anos em 2022, meus filhos estão crescidos e me sinto livre para fazer o que quiser”, afirma, adiantando que estará na terceira temporada.

Mary Rawles tem 73 anos e uma trajetória de classe média numa área próspera da Baía de San Francisco, na Califórnia: foi professora primária durante muitos anos, casou-se e teve filhos. Na faixa dos 30 anos, parou de fumar e começou a se exercitar, mas chegou a engordar 20 quilos na meia-idade. Voltou a se alimentar bem e a praticar atividade física cinco vezes por semana e, aos 66, se tornou personal trainer (nos Estados Unidos, o NASM, que é o certificado do instrutor, não exige diploma em educação física). Criou a Fit for the Rest of Your Life, que inclui aulas presenciais e por Zoom, e conta que, ao se aposentar, descobriu que não estava “apta para ficar em casa”. “Comecei pedindo que me dessem uma chance de mostrar meu trabalho e descobri que nem todos querem instrutores fortes e jovens. Não corro maratonas, mas estou em forma. Quando me perguntam o que me levou a empreender, digo que a gente começa tentando resolver um problema pessoal e acaba querendo fazer o mesmo para os outros”, analisa.