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Se a vida fosse uma corrida com obstáculos, a recompensa perto da linha de chegada seria a velhice desfrutável. Para alguns, o percurso até lá é uma maratona.

O primeiro desafio a ser superado é nascer vivo. No Brasil, a maior parte dos óbitos neonatais é de crianças negras (pretas e pardas). Essa população também sofre mais com a violência durante a juventude, somando 70% das vítimas de homicídio. Conseguir envelhecer nesse cenário é vitória.

O último Relatório Anual das Desigualdades Sociais, do Núcleo de Estudos de População, da Unicamp, publicado em 2011, mostrou que a expectativa de vida entre negros no Brasil é de 67 anos. Já os brancos vivem em média 73 anos. Não há dados nacionais atualizados sobre essa diferença.

Atualmente, o baixo índice de idosos autodeclarados negros no Brasil, nação de maioria preta e parda, indica essa desigualdade. Somente 7,9% das pessoas com mais de 60 anos no país são pretas. Pardos representam 35,3% e brancos 55,1%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em cenários desfavoráveis a boas condições de saúde e educação, negros são maioria. A porcentagem de pessoas com esse tom de pele em situação de pobreza e de extrema pobreza dobrou nos últimos cinco anos. Já a taxa de brancos na mesma realidade manteve-se inalterada.

A situação econômica em que essa população se encontra traz consigo um conjunto de fatores, como falta de acesso a saneamento básico, alimentação adequada e cuidados hospitalares. O resultado é a redução da expectativa de vida e o surgimento de mais transtornos para quem, contrariando as adversidades, chega à fase idosa.

“A criança de hoje é o idoso de amanhã. A população negra é afetada por determinantes sociais e pode não chegar aos 60 anos sem sequelas”

Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola

A trajetória de uma vida de discriminação culmina em uma velhice cheia de percalços. Estudos apontam problemas de mobilidade e isolamento como algumas das características mais presentes na rotina dos idosos negros do que na dos brancos.

“Longevidade é um indicador superpositivo para se pensar no futuro de uma sociedade. Temos observado que a população negra não está inserida nesse cenário”, afirma Emanuelle Goes, enfermeira do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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