Foto : Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando virou mãe, Renata Refinetti optou por apertar um “pause” na carreira como advogada. Inicialmente, o plano era voltar à ativa, mas ela decidiu acompanhar a vida da filha, Bianca, e seguiu dando aulas de alemão. Quando Bianca atingiu a maioridade e a advogada estava perto dos 50 anos, Renata voltou para o mercado de trabalho – uma tarefa que não foi fácil. “Nós temos matérias hoje em dia que não tinha antes. Estatuto da Criança e do Adolescente, consumidor, improbidade, um monte de coisa. Então eu tive que fazer uma atualização, comecei com isso, estudando tudo de novo. E aí chegou a hora de bater na porta dos escritórios, pedir ajuda. Nada é fácil. Como é que chega uma pessoa e fala ‘você está velha, como é que você vai advogar velha? Não vai’. Eu vou conseguir, não vou desistir, mas a gente não consegue sozinho”, recordou. Há cinco anos, Renata encontrou uma pessoa que estendeu a mão e a contratou para trabalhar num grande escritório de advocacia. Hoje, com 58 anos, a advogada está muito bem inserida no mercado de trabalho. “Então foi através dessa pessoa que eu voltei para o mercado de trabalho, o que me ajudou muito. Fui muito bem recebida lá. Estou lá já há cinco anos e eu considero a minha segunda casa, é um ambiente fantástico, não só pelas pessoas, mas pelo aprendizado, a gente aprende muito lá”, celebrou.

A participação de pessoas com idade mais avançada no mercado de trabalho vem crescendo no Brasil. Além do envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado. De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, o percentual desta população na força de trabalho passou de 5,9% em 2012 para 7,2% em 2018, chegando a 7 milhões e meio de profissionais. O especialista em Recursos Humanos, Felipe Iotti, afirma que o preconceito contra pessoas com mais idade vem diminuindo. “É muito comum inclusive a gente receber currículo onde não tem a informação de idade, de data de nascimento, porque será que é isso mesmo que importa na hora que você vai recrutar alguém? Ou o que importa é a experiência que essa pessoa tem? Então a área de recrutamento e seleção precisa estar muito consciente de que a gente precisa entender o que a gente busca em uma seleção, qual o tipo de experiência que a gente busca? Qual o perfil comportamental? Uma vez que essas perguntas estão respondidas e as respostas são satisfatórias, por que a gente vai olhar para a idade? A diferença ajuda a construir times mais sólidos, mais robustos, porque cada um vai ter um perfil comportamental, uma bagagem técnica e uma história de vida, conseguindo agregar para esse time da melhor forma”, disse. A advogada Renata Refinetti pede que as pessoas com mais idade que querem ingressar no mercado, assim como ela, não tenham medo. “Jamais desista, não leve um não para casa. É frustrante? É. Deixe em um cantinho aquele ‘não’ para não desistir jamais”, aconselhou.