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Fonte: Reprodução/GloboNews

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse durante evento nesta terça-feira (18) em São Paulo que a Reforma da Previdência é fundamental para o bom desempenho da economia brasileira à frente e que pode levar à queda da taxa básica de juros no Brasil.

“O Brasil é um dos poucos países do mundo com uma agenda de reformas intensa. Isso reduz a perspectiva de risco. Será importante para a sustentabilidade da inflação e a queda da taxa de juros estrutural da economia”, disse.

Segundo ele, o trabalho do BC tem sido efetivo para combater a inflação, citando que a taxa ficou em 10,7% em dezembro e caiu para 4,6% em março, o que ele chamou de “queda relevante”.

As perspectivas de inflação do próprio mercado, por meio do Boletim Focus, segundo ele, encontram em torno de 4,1% para 2017 e de 4,4% para 2018, e de 4,25% para os outros anos. Já o Copom projeta 4,1% para 2017 e 4,5% para 2018.

O presidente do BC acredita que haverá uma evolução favorável no cenário da inflação. “Em 2017, a taxa acumulada em 12 meses deve permanecer abaixo da meta”, disse. Nesse cenário, segundo ele, a taxa de juros cai para 8,5% em 2017.

A informação consta na ata da última reunião do Copom, realizada na semana passada, e divulgada nesta terça-feira (18).

O presidente do BC estimou que a inflação chegará ao seu nível mais baixo no terceiro trimestre, mas voltará a ter força nos últimos meses de 2017, ainda assim mantendo a previsão de terminar 2017 abaixo do centro da meta do governo de 4,5%.

“Essa ida e volta da inflação mexe muito com indicadores mensais, mas não mexe para o ano nem para a política monetária”, disse.

Flexibilização monetária

Segundo Goldfajn, há riscos para que esse cenário. Os fatores são cenário internacional incerto, aprovação e implementação das reformas da previdência e trabalhista, choque de oferta favorável de alimentos, que é positivo e faz com que os preços caiam, e a recuperação da economia.

“Mas o cenário básico do Copom prescreve antecipação do clico da flexibilização da política monetária”, disse.

Ele lembrou que a taxa Selic foi reduzida para 11,25% ao ano, com queda de 1 ponto percentual. Goldfajn disse que o grau de antecipação de ciclo desejado depende por um lado da evolução da conjunta econômica e por outro dado das incertezas e fatores de risco que ainda pairam na economia. “É importante ancorar as expectativas antes de iniciar o ciclo de precificação monetária, e não o inverso”, disse.

Taxa de juros real

Goldfajn ressaltou que as taxas de juros reais, que são os juros nominais menos a inflação, também estão em queda no país. “Quando você olha uma taxa de juros pré-fixada em 12 meses, quando o governo financia em 12 meses, é uma taxa que hoje quando desconta a inflação chegou a alcançar, em setembro de 2015, 9%. A situação acalmou e ao longo de 2016 a taxa de jutos real caiu para 7%”, afirmou.

O presidente do BC disse que desde o final de 2016 caiu novamente e hoje alcança 4,6%. “Os juros [reais] na economia estão hoje entre 4,5% a 5,3%”, afirmou.

Segundo ele, esse patamar é baixo para patamares históricos.

“Nós podemos fazer mais e dependerá de avanços que levem à diminuição da taxa de juros estrutural da economia”.

Segundo ele, dependerá de eficiência, produtividade, perspectiva da política fiscal, reformas, qualidade das políticas econômicas. “Tudo isso vai nos ajudar a reduzir essa taxa estrutural, notadamente a reforma da previdência”, disse.

Questionado sobre qual a meta ideal de inflação para o país, o presidente do BC limitou-se a informar que em junho de 2017 o Conselho Monetário Nacional vai decidir a meta para 2019.