Qualidade de vida

Evento de lançamento também marcou a reabertura do Polo Cultural da Terceira Idade e o início do Projeto Recorda SP, que registrará histórias de idosos da capital. A pandemia do Coronavírus afetou a todos, mas as pessoas idosas sofreram seus efeitos de forma mais intensa. Esta faixa etária contabiliza o maior número de mortes e internações por Covid e ainda vê o risco da progressão de doenças como o Alzheimer aumentado pelo longo e necessário período de isolamento. Estes dados motivaram a Prefeitura a lançar o Plano Intersetorial de Políticas Públicas para o Envelhecimento nesta quinta-feira (28) durante a reabertura das atividades do Polo Cultural da Terceira Idade – José Lewgoy, no bairro do Cambuci.

Segundo o prefeito Ricardo Nunes, as políticas públicas são importantes para a valorização dos idosos. “Esta é uma questão que nos preocupa muito porque queremos oferecer mais qualidade de vida à população de mais idade. Precisamos continuar com o trabalho de atendimento em todos os aspectos, e o Plano é um exemplo que pode gerar atividades com uma diretriz mais forte, já que foi elaborado com a participação da sociedade”, disse o prefeito.

O Plano Intersetorial de Políticas Públicas para o Envelhecimento segue as principais diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser uma política transversal com 70 iniciativas de 15 secretarias e atenção especial à promoção do envelhecimento ativo como forma de aprimorar a saúde e autonomia do idoso. Na cidade de São Paulo vivem 1,8 milhão de idosos, número maior do que a população de 19 das 27 capitais do país.

A iniciativa se torna ainda mais necessária com as projeções que apontam o percentual de idosos na população, que deve dobrar de 15,6% para 30% em 30 anos. “A cidade precisa oferecer melhor qualidade de vida ao idoso de hoje e estar preparada para o futuro. A abrangência deste plano, que articula grande parte dos órgãos da administração e sua adequação às melhores práticas, mostra como a valorização a pessoa idosa é uma questão prioritária para São Paulo”, afirmou a secretária de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), Claudia Carletto.

Eixos

Dividido em cinco eixos, as ações, programas e projetos se baseiam no aumento da oferta de atividades e serviços, na formação e capacitação de profissionais para lidar com as múltiplas e complexas questões do envelhecimento, além da criação de oportunidades de interação da população idosa com outras gerações, como forma de incluí-la cada vez mais no contexto social e combater o preconceito.

A Coordenação de Políticas para Pessoa Idosa da SMDHC, em conjunto com as demais secretarias municipais e com o Grande Conselho Municipal do Idoso, foram responsáveis pela formulação do plano, elaborado conforme as demandas apresentadas na IV Conferência Municipal do Idoso. O planejamento ainda incorpora questões que surgiram nos encontros para a execução do Instrumento de Diagnóstico para o Envelhecimento Ativo – IDEA/Idoso e IDEA/Gestor, que fizeram parte dos processos para a obtenção dos Selos Inicial, Intermediário e Pleno do Programa São Paulo Amigo do Idoso, do Governo do Estado de São Paulo.

“Toda esta jornada nos mostrou as múltiplas complexidades desse período da vida. As pessoas envelhecem de formas diferentes, de acordo com um conjunto de variáveis e, por isso, foi necessário construir um plano tão abrangente e transversal.”, disse o coordenador de Políticas para a Pessoa Idosa, Renato Cintra.

O resultado é um documento que representa uma visão e orientação holísticas para a criação de políticas públicas no município de São Paulo para os próximos quatro anos, de 2021 a 2024, que também oferece um retrato do envelhecimento na cidade e um eixo de orientação, ao compilar programas que envolvem diretamente 15 secretarias municipais com apoio acadêmico e de entidades da sociedade civil.

Recorda SP

Dentro do plano, uma das ações já começou a ser implementada. O Projeto Recorda SP é uma iniciativa de valorização da pessoa idosa e resgate da memória, que busca estimular as pessoas atendidas pela Prefeitura a registrarem suas histórias, experiências, lições de vida e até as receitas culinárias, num questionário que convida a uma jornada pela memória.

Com este conteúdo, a Prefeitura poderá desenvolver atividades com outros públicos que aproveitam as lições e vivências. “Na prática, o Recorda SP é um bom exemplo do conceito do Plano Intersetorial, porque atua de forma transversal envolvendo vários serviços, agrega potenciais benefícios terapêuticos como o estímulo à memória e oferece oportunidades de socialização com outras gerações em ações com protagonismo do idoso”, explica o coordenador de Políticas para a Pessoa Idosa da SMDHC, Renato Souza Cintra.

“O Recorda SP será um resgate não só das histórias das pessoas e da cidade, mas também do papel do idoso como alguém que transmite conhecimentos importantes à sociedade”, explica o coordenador de Comunicação da SMDHC e um dos idealizadores do projeto, Cesar Guerrero. Uma curadoria irá selecionar as histórias, personagens e receitas culinárias para a publicação de edições anuais dos livros: “Vidas Paulistanas”, de biografias, e “A Cozinha dos Avós”, de receitas gastronômicas.

Os benefícios, além de ajudar a retardar doenças relacionadas envelhecimento, estão no resgate e preservação da memória da própria cidade, a oferta de papéis sociais relevantes aos participantes em ações derivadas e o estímulo ao envelhecimento ativo pela sinergia e visibilidade conferida a este tema pelos serviços desenvolvidos na Prefeitura. A iniciativa será coordenada pela SMDHC, com o envolvimento dos serviços para idosos das secretarias municipais da Saúde (SMS), Educação (SME), Esportes e Lazer (Seme), Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e Cultura (SMC).

Polo Cultural da Terceira Idade

O lançamento destas novas políticas de valorização aos idosos aconteceu durante a reabertura das atividades do Polo Cultural da Terceira Idade – José Lewgoy, que marca a retomada responsável dos serviços presenciais oferecidos para esta população pela SMDHC, após um período de isolamento social imposto pela pandemia.

O Polo Cultural José Lewgoy, mais conhecido como Polo Cultural da Terceira Idade, localizado na rua Teixeira Mendes, 262, no Cambuci, oferece 19 oficinas gratuitas nos campos da cultura, lazer, esporte, educação e saúde, para o estímulo, motivação e sensibilização da pessoa idosa no fortalecimento e integração social. Foi criado em 2000 como espaço de convivência e socialização de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Hoje, o Polo Cultural tem aproximadamente 237 associados, mas regularmente conta-se com a presença de 8.898 atendimentos, durante todo o período pandêmico, via formato remoto pelas plataformas Whatsapp, Zoom, Meet e YouTube.

O objetivo do polo é proporcionar o desenvolvimento para os idosos de forma produtiva, com o objetivo de trabalhar as relações entre educação, conhecimento, cultura, bem-estar, natureza e sociedade. Oferecer transformação para si e para o outro, fazendo com que o idoso seja capaz de perceber as mais simples emoções, podendo também, acrescentar outra dimensão do valor humano diferenciado, para que sejam vistos pela sociedade e seus familiares.