A questão é delicada e pode até acabar em briga, mas não deve ser deixada de lado. Quantos pais e mães continuam a dirigir mesmo quando já apresentam limitações físicas e reflexos menos rápidos? O carro ainda é sinônimo de autonomia para as gerações mais velhas e abrir mão dele representa uma perda considerável. No entanto, há doenças progressivamente incapacitantes, como artrites, e medicamentos cujos efeitos colaterais têm que ser levados em conta. E quando há leves sinais de demência, que não comprometem a independência do indivíduo mas podem se traduzir em riscos ao volante?

Nos seus estágios iniciais, a demência não impede que o motorista dirija em segurança e os próprios médicos envolvidos no trabalho afirmaram que os pacientes têm o direito de manter sua independência pelo maior tempo possível. O guia funciona como um recurso estruturado para que essa conversa, seja em família, seja no consultório, esteja embasada em critérios consistentes.

Os pesquisadores listaram mudanças no comportamento que estão relacionadas à perda da habilidade na direção. No primeiro grupo estão aquelas ligadas à capacidade de avaliação espacial: por exemplo, quando o motorista muda repentinamente de marcha ao se aproximar de um veículo parado ou quando se prepara para ultrapassar. Outro indício: ser incapaz de manter um percurso estável na pista.

Erros de sequenciamento são mais um sinal, como esquecer de soltar o frio de mão ou ter problemas com as marchas. Vale também prestar atenção quando o idoso se mostra tenso em situações cotidianas da direção, ou não reage com rapidez e eficiência em momentos de maior complexidade ou risco, como encarar cruzamentos movimentados. Guiar excessivamente devagar, ter dificuldades para estacionar, arranhando o automóvel com frequência, e outros comportamentos erráticos na direção podem ser percebidos pelo carona, por isso sair para dar uma volta de carro pode ser um bom teste para avaliar se seu ente querido continua em condições de dirigir.