Há sinais de alerta que não deveriam passar despercebidos, mas a avaliação é mais difícil em casos de declínio cognitivo leve.

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Há muitos sinais de alerta que não deveriam passar despercebidos: em casa, desorganização e sujeira, correspondência acumulada, contas atrasadas, eletrodomésticos quebrados, produtos vencidos na geladeira e nos armários. E o que dizer quando a pessoa se isola, restringindo sua interação social, ou se descuida a ponto de não trocar de roupa ou zelar pela própria higiene?

Há testes, como a Escala de Katz ou o Questionário Pfeffer, para medir a capacidade de dar conta das atividades diárias, com perguntas sobre se a pessoa é capaz de fazer compras sozinha, cuidar dos medicamentos, lidar com dinheiro e esquentar água para chá ou café e apagar o fogo. No entanto, nem sempre é simples fazer essa avaliação, explicou Ivete Berkenbrock, coordenadora da saúde do idoso da Secretaria de Saúde de Curitiba e uma das palestrantes do XXI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia:

“os idosos utilizam estratégias para se adaptar às dificuldades e limitações e não expressam preocupação com os riscos. Os casos mais difíceis são aqueles de pacientes que têm um declínio cognitivo leve ou estão num estágio inicial de demência, porque essas pessoas mantêm sua autonomia e negam ou minimizam os problemas”.

Uma das maiores preocupações da médica geriatra é com as quedas, que podem representar um divisor de águas pelo impacto que representam na saúde: “é um equívoco comum só se preocupar com a queda quando ocorre uma fratura. Há até familiares que comemoram o fato de o idoso ter ossos fortes, mas essa não é a leitura correta. Se ele cai com frequência, é preciso acender a luz vermelha!”.

 A assistente social Maria Angélica Sanchez, ex-presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG, citou também estudo que relacionava o hábito de comer sozinho a um impacto negativo no estado nutricional do idoso e seu declínio cognitivo.

Entretanto, é fundamental conversar com a pessoa sobre a necessidade de mudança, além de lhe destinar um espaço confortável e acolhedor: “há um histórico de vida que não pode ser desconstruído de uma hora para a outra” lembrou Maria Sanchez.

Embora ainda fora do horizonte brasileiro, o uso de inteligência artificial facilitará que pacientes com demência continuem a viver em suas casas. Recente trabalho de pesquisadores da Universidade de Surrey (Inglaterra) mostrou que sensores e monitores são capazes de detectar alterações no estado geral de saúde e na execução das rotinas diárias. Tal monitoramento teria o potencial de antecipar uma situação de emergência.

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