© 2016 EU-OSHA
© 2016 EU-OSHA

Aumentar os níveis de emprego e prolongar a vida ativa das pessoas constituem objetivos importantes das políticas nacionais e europeias desde o final da década de 1990. A taxa de emprego da UE-28 para os cidadãos com idades entre os 55 e 64 anos aumentou de 39,9 %, em 2003, para 50,1 % em 2013. Estes valores são ainda inferiores ao da taxa de emprego do grupo etário 22-64. A idade média de saída do mercado de trabalho aumentou de 59,9 anos, em 2001, para 61,5 anos em 2010.

O objetivo em matéria de emprego da Estratégia Europa 2020 — de aumentar a taxa de emprego da população com idades compreendidas entre 20 e 64 anos para 75 %, — significa que os cidadãos europeus terão uma vida profissional ativa mais prolongada.

As mudanças normais relacionadas com a idade tanto podem ser positivas como negativas

Existem vários atributos, por exemplo sabedoria, pensamento estratégico, perceção holística, bem como capacidade de decisão, que, ou aumentam, ou começam a surgir, com o avanço da idade. A experiência profissional e o conhecimento especializado também acumulam com a idade.

Contudo, algumas aptidões funcionais, principalmente físicas e sensoriais, diminuem em consequência do processo natural de envelhecimento. Impõe-se ter em conta na avaliação de riscos potenciais mudanças das aptidões funcionais (ver abaixo), pelo que o trabalho e o ambiente de trabalho terão de ser modificados por forma a responder a essas mudanças.

As mudanças nas aptidões funcionais relacionadas com a idade não são uniformes, devido a diferenças específicas no estilo de vida, nutrição, condição física, predisposição genética para a doença, nível educacional e ambientes de trabalho e outros.

Os trabalhadores idosos não são um grupo homogéneo; podem existir diferenças consideráveis entre indivíduos da mesma idade.

Envelhecimento e trabalho

O declínio relacionado com a idade afeta principalmente as capacidades físicas e sensoriais, que são relevantes, sobretudo, para o trabalho físico pesado. A passagem de uma indústria extrativa e transformadora para uma indústria de serviços e baseada no conhecimento, bem como a crescente automatização e mecanização das tarefas e utilização de equipamento movido a energia, reduziram a necessidade de um trabalho físico pesado.

Neste novo contexto, cada vez mais são valorizadas várias capacidades e aptidões associadas às pessoas mais velhas, como por exemplo, facilidade de relacionamento, bom atendimento e noção da qualidade.

Além disso, muitas das mudanças nas aptidões funcionais relacionadas com a idade têm mais peso em algumas atividades profissionais do que em outras. Por exemplo, as alterações no equilíbrio têm repercussões para bombeiros e pessoal de salvamento que trabalham em condições extremas, que utilizam equipamento pesado e precisam de elevar e transportar pessoas; uma diminuição da capacidade de avaliar as distâncias e a velocidade de objetos em movimento tem repercussões para a condução noturna, mas não afeta trabalhadores de escritório.

Avaliação de risco sensível à idade

A idade é apenas um aspeto de uma força de trabalho diversificada. Uma avaliação dos riscos sensível à idade implica ter em conta os aspetos relacionados com a idade de diferentes grupos etários aquando dessa avaliação, incluindo possíveis alterações das aptidões funcionais e do estado de saúde.

Os riscos relevantes para os trabalhadores mais velhos incluem, concretamente:

  • Volume de trabalho pesado do ponto de vista físico
  • Riscos relacionados com o trabalho por turnos
  • Ambientes de trabalho debaixo de temperaturas elevadas, baixas ou com muito ruído

Como as diferenças entre indivíduos aumentam com a idade, não devem ser feitas conjeturas simplesmente com base na idade. A avaliação de riscos deve considerar as exigências do trabalho à luz das aptidões funcionais e do estado de saúde do indivíduo.

Saiba mais sobre as atuais ferramentas disponíveis da avaliação de riscos interativa em linha (OiRA), avaliação de riscos sensível à idade e garantia de uma abrangência total.

Promover a capacidade de trabalho e a saúde no local de trabalho

A capacidade de trabalho  resulta do equilíbrio entre o emprego e os recursos individuais; quando o emprego e os recursos individuais se coadunam entre si, existe uma boa capacidade de trabalho. Os principais fatores que afetam a capacidade de trabalho do indivíduo são:

  • Saúde e aptidões funcionais
  • Educação e competência
  • Valores, atitudes e motivação
  • Comunidade profissional e ambiente de trabalho
  • Os conteúdos, as exigências e a organização do trabalho

A capacidade de trabalho pode ser avaliada com base no Índice de Capacidade de Trabalho. O conceito de capacidade de trabalho sugere que as ações desenvolvidas no local de trabalho com vista à promoção da capacidade de trabalho devem englobar todos estes fatores.

A saúde das pessoas na fase mais adiantada da vida é afetada pelo seu comportamento em termos de saúde na fase mais precoce da vida. O declínio das aptidões funcionais pode ser adiado e minimizado por estilos de vida saudáveis, como o exercício físico regular e uma alimentação saudável. O local de trabalho tem um papel fundamental na promoção de um estilo de vida saudável e apoio a atividades que travam o declínio físico, contribuindo assim para manter a capacidade de trabalho. A Promoção da saúde no local de trabalho (PSLT) abrange uma variedade de temas, incluindo alimentação e nutrição; consumo de álcool; tabagismo; exercício físico e tempo de recuperação e de sono suficientes.

Adaptar o trabalho e o ambiente de trabalho

Uma sondagem de opinião realizada pela EU-OSHA em 2012 revelou que a grande maioria dos cidadãos da UE considera que as boas condições de saúde e as práticas de segurança são contributos extremamente importantes para prolongar o tempo de trabalho.

A boa conceção do local de trabalho beneficia todos os grupos etários, incluindo os trabalhadores mais velhos. À medida que se processam mudanças nas aptidões, impõe-se também introduzir alterações que permitam compensá-las, por exemplo, com:

  • Reconceção ou rotação de funções
  • Breves intervalos e mais frequentes
  • Melhor organização do trabalho por turnos, por exemplo, recorrendo a um sistema de turnos de rotação rápida (2-3 dias)
  • Iluminação adequada e controlo do ruído
  • Boa conceção ergonómica do equipamento

Políticas de regresso ao trabalho

A licença por doença a longo prazo pode conduzir a problemas de saúde mental, exclusão social e saída precoce do mercado de trabalho. A agilização do regresso ao trabalho após um período de baixa por motivo de doença é fundamental para apoiar a população ativa em envelhecimento. Exemplos de iniciativas tomadas para promover o regresso ao trabalho nos países europeus incluem a criação do ««atestado de apto a trabalhar» » em substituição do «atestado de doença» e um projeto de intervenção para o Regresso ao Trabalho  na Dinamarca.

Leia o relatório da EU-OSHA Regresso ao Trabalho e saiba mais na respetiva ficha técnica.