Pesquisa americana analisou dados históricos e concluiu que rotinas mais saudáveis podem estender vida por mais de uma década 

Foto: Keith Bedford

Hábitos saudáveis não são desconhecidos da maioria das pessoas hoje em dia. Difícil mesmo é encontrar quem tenha todos eles incorporados à própria rotina. De acordo com uma pesquisa recente, mais do que proporcionar uma vida mais saudável, adotar bons hábitos podem prolongá-la mais de uma década.

Os resultados foram publicados na revista Circulation, da Associação Americana do Coração (AHA), nesta segunda-feira (30).

O grupo de pesquisadores, liderados pela Dra. Yanping Li, do departamento de Nutrição de Harvard (EUA), analisou dados históricos de mais de 123,2 mil homens e mulheres entre 1980 e 2014, nos Estados Unidos.

O objetivo era entender o quanto a adoção de cinco hábitos benéficos para a saúde – aos quais a pesquisa se refere como “fatores de estilo de vida de baixo risco” – aumentaria a expectativa de vida de uma pessoa. Os hábitos são os seguintes:

  • Não fumar cigarro.
  • Ter uma dieta balanceada.
  • Manter um IMC (índice de massa corporal) considerado saudável, entre 18,5 e 24,9 kg/m².
  • Manter um ritmo de 30 minutos diários de exercício moderado a intenso.
  • Consumo moderado de álcool.

O estudo usou uma série de bases de dados de saúde e relacionou fatores de estilo de vida de baixo risco às taxas de mortalidade nos EUA. Além disso, comparou como os diferentes hábitos citados se distribuem na população americana e, por fim, computou a mortalidade por idade no país.

Cada um dos hábitos está relacionado a fatores que contribuem para a prevenção de doenças como câncer, diabetes ou de ordem cardiovascular.

Por exemplo: “Fumar é um fator independente de risco para câncer, diabetes, doença cardiovascular”, diz o estudo. “Um padrão saudável de dieta (…) tem sido associado a riscos mais baixos de morbidades e mortalidade por diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas” como Parkinson, Huntington ou Alzheimer.

A realização de atividades físicas associada a controle de peso também ajuda a reduzir diabetes, riscos associados a doenças cardiovasculares e câncer de mama. Quanto a consumo de álcool, os pesquisadores observam que, embora não exista um estudo que relacione o consumo de álcool a doenças crônicas a longo prazo, o consumo moderado de bebidas está associado a benefícios cardiovasculares em uma série de trabalhos.

A análise final, diz a pesquisa recente, “indica que combinações dos fatores de estilo de vida saudável são particularmente poderosos”. “Quanto maior o número de fatores de baixo risco, maior é o potencial de se alcançar uma expectativa de vida mais prolongada. ”

Expectativa de vida

Os pesquisadores buscavam entender por que a população americana tinha uma expectativa de vida mais baixa na comparação com outros países de mesmo nível econômico. Nos EUA, de acordo com os pesquisadores, apenas 5% da população seguiam os cinco hábitos relacionados no estudo.

A expectativa (ou esperança) de vida, indicador formado pela média gerada de dados históricos de mortes por sexo e região, é usada em diversos outros parâmetros que medem a qualidade de vida em um país, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

No mundo, a média de expectativa de vida ao nascer é de 71,4 anos, segundo dados de 2015 da OMS (Organização Mundial da Saúde), sendo 69,1 anos para homens e 73,7 anos entre mulheres. Nos Estados Unidos, a expectativa média é de 79,3 anos (76,9 entre homens; e 81,6, mulheres).

Em comparação, na França a média para ambos é de 82,4 anos; e no Japão, de 83,7 anos. No Brasil, a média de expectativa de vida ao nascer era de 75 anos em 2015, sendo 71,4 anos para homens e 78,7 anos para mulheres.

Vida longa

O estudo americano concluiu que a adoção de um estilo de vida mais saudável, contemplando os cinco hábitos citados, poderiam “reduzir substancialmente a mortalidade prematura e prolongar a expectativa de vida entre americanos adultos”.

Comparando grupos de pessoas que mantinham os cinco hábitos e pessoas que não cumpriam nenhum deles, os pesquisadores chegaram ao dado de que o grupo saudável tem uma expectativa de vida de 12 anos a mais entre homens e 14 anos extras entre mulheres.

“Quando embarcamos nesse estudo, eu pensei, é óbvio que as pessoas que adotam esses hábitos viveriam mais. Mas a coisa mais surpreendente foi ver quão grande o efeito era”, disse Meir Stampfer, professor em Harvard e pesquisador envolvido no trabalho, ao jornal The Guardian.