Foto: Shutterstock
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Avanços na medicina, maior acesso à inovação e maior preocupação por hábitos saudáveis são os principais fatores responsáveis pelo envelhecimento ativo da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil será o sexto país no número de pessoas idosas até 2025, quando deve alcançar a marca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Esses dados impactam na longevidade profissional, uma vez que o tempo médio de carreira poderá ser estendido. Como aliar a maior expectativa de vida à produtividade? Esse será o desafio para a gestão dos recursos humanos ao longo das próximas décadas. O alerta é do médico e presidente do International Longevity Centre Brazil (ILC BR), Alexandre Kalache.

“A vida está deixando de ser uma corrida de 100 metros para se tornar cada vez mais uma maratona”, resumiu Kalache. O médico chamou a atenção à necessidade de sermos criativos para enfrentarmos esse momento de transformação, frisando os pilares Saúde, Capacitação, Participação e Segurança como fundamentais para sustentar um envelhecimento considerado ativo, podendo contribuir para o avanço das empresas, da sociedade e do país.

Kalache apontou haver muitos mitos que cercam a abertura de oportunidades no mercado de trabalho a quem já passou dos 60 anos. Entre eles, que os jovens aprendem melhor e são mais criativos quando comparados aos mais velhos. “Pesquisas de Harvard mostram que os mais idosos têm maior capacidade de utilizar o conhecimento acumulado, o que faz deles mais efetivos no aprendizado. Além disso, pessoas de idades diversificadas convivendo juntas e elevam o nível de inovação”.

Para Jorgete Lemos, diretora de diversidade da ABRH Brasil, explica que o tema precisa ser debatido com profundidade, uma vez que ele trará impactos importantes e positivos para as empresas. “As instituições têm muito a ganhar ao incorporarem pessoas mais velhas em seu quadro de colaboradores, uma vez que esses profissionais contribuem significativamente na análise e solução de problemas, além de controle emocional diante de situações limite”, completa a especialista.

Kalache lamentou os prejuízos trazidos para o envelhecimento produtivo quando se tem uma educação precária. Ele destacou que o Brasil ocupa o 57º lugar na lista das 60 nações quanto ao seu nível de produtividade. Em comparação à Noruega, por exemplo, um norueguês é 7,5 mais produtivo que um brasileiro.

Outra preocupação apresentada pelo médico para um futuro próximo é o fato de no Brasil o cidadão se aposentar, em média, aos 53 anos, quando na Europa, por exemplo, essa decisão ocorre em média nove anos mais tarde. “Em 2030, o Brasil enfrentará um déficit de mão-de-obra”, prevê.